A respiração busca se acalmar,
mas enquanto cair fuligem do Norte,
não adianta fechar sua janela,
o fogo continua na tela, no ar,
no seu pensamento,
só há um modo de parar:
cuidar de quem sabe plantar.

A pele transpira todo o excesso que pode,
vindo de toda essa dieta de gado de corte,
hectares de lindo verde são diariamente queimados,
e, no lugar, uma pálida e branca pecuária,
que arruína todo um trabalho natural;
produto de homens que correm só atrás do capital,
sem se importar com o rastro de deserto que suas patas deixam.

Cada árvore derrubada deixa uma ferida no meu corpo,
mas ainda que ninguém se mova, o vento forte lamenta, o mar revolto responde,
as chuvas arrebentam os limites pobres humanos.

O fogo há de parar, claro, mas mais difícil será de respirar,
mais calor teremos de suportar, mais (má) mudança teremos que aceitar,
e o dinheiro nada poderá fazer para ajudar,
nem comprar o que a natureza não quiser mais dar.